videoclipes ainda valem alguma coisa?
em tempos de Spotify e TikTok, os vídeos de música perderam sua relevância?
Na Sonora #38, trazemos curiosidades fresquinhas sobre as indicações ao Grammy 2025 e exploramos o cenário atual dos videoclipes na música pop – que, caso você ainda não tenha notado, mudou bastante. Também recomendamos um álbum novinho em folha que vale a pena conferir. Mas antes, que tal uma rápida viagem pela história?
🗓️ O DIA DE HOJE NA MÚSICA
Por Gabriel Sant’Ana
Quase todo mundo tem uma lembrança ou reação instantânea ao ouvir os primeiros acordes e aquele inconfundível uivo de lobisomem que abre Thriller, certo? Há exatos 41 anos, a canção fazia história estreando como single oficial do 6º álbum de estúdio de Michael Jackson.
A música, composta com Rod Temperton, é um mix de funk, pop e disco com uma vibe sombria que já fazia parte do DNA de Michael. A produção do icônico Quincy Jones foi lançada como o sétimo e último single do álbum de mesmo nome – até hoje, o mais vendido da história.
Não bastasse a música ser um sucesso, a coreografia dos zumbis que surgiu no clipe, lançado apenas em 2 de dezembro, também se tornou um fenômeno. Quem nunca tentou (ou fingiu) fazer a clássica dança dos mortos-vivos na pista de dança?
Embora lançado como single após a data do Halloween e quase um ano depois do álbum, Thriller deixou um legado: continua a animar festas, ser referência constante na cultura pop e, provando ser icônico mesmo com o passar dos anos, foi a 20ª canção mais consumida nos Estados Unidos na última semana!
Para celebrar e começar bem o dia, dê o play enquanto lê a Sonora de hoje:
🏆 AND THE GRAMMY GOES TO…
Recordes, pioneirismo e reconhecimento tardio: os indicados ao Grammy 2025
Por Gabriel Sant’Ana
Na última sexta-feira, dia 8, foram anunciados os indicados ao Grammy 2025. A premiação reconhecerá as melhores gravações, composições e artistas do período de 16 de setembro de 2023 a 30 de agosto de 2024.
Este ano, a Academia implementou mudanças nas regras de elegibilidade e categorias, sem introduzir novas categorias pela primeira vez em quatro anos. Para a edição, o CEO Harvey Mason Jr. pediu que os membros votassem com mais propósito e integridade, deixando de lado qualquer tipo de viés ou ressentimento.
Bora saber algumas curiosidades sobre os indicados desse ano?
👑 Beyoncé, a rainha dos recordes
Começando com quem sempre rouba a cena e dá o que falar na premiação, Beyoncé. A cantora bateu dois recordes históricos: com 99 indicações totais ao Grammy, ela ultrapassou seu marido, Jay-Z, se tornando a pessoa com mais indicações na história. Para completar, seu álbum COWBOY CARTER recebeu 11 indicações, superando o recorde de Lauryn Hill de maior número de nomeações em um único ano.
😱 Ela não esperava!
Billie Eilish se tornou a primeira artista a ter seus três primeiros álbuns indicados ao cobiçado prêmio de Álbum do Ano, além de ser a artista mais jovem a receber cinco indicações em Gravação do Ano na história da premiação.
🇧🇷 Anitta levou o funk pro mundo… mas deve continuar no Brasil
A nossa Pedro Álvares Cabral conquistou sua segunda indicação ao Grammy, desta vez na categoria Best Latin Pop Album, com o Funk Generation - primeiro trabalho de funk a ser indicado na premiação.
Ela, porém, poderá não receber o troféu em mãos, já que tem show marcado no Brasil no mesmo dia da cerimônia. A cantora se apresentará em Campinas, São Paulo, enquanto potencialmente faz história na premiação. Será que ela mantém a agenda ou desmarca para ir a Los Angeles?
🤖 Tem IA no Grammy…
Os Beatles foram indicados ao Grammy quase 50 anos após o fim oficial da banda. A última música deles, Now and Then, restaurada com ajuda de IA, está concorrendo a Gravação do Ano, categoria mais importante da premiação.
👩🏿🤝👩🏾 A força feminina no R&B
Outro marco importante desta edição é a categoria Melhor Canção de R&B, composta exclusivamente por mulheres. Kehlani, Tems, Coco Jones, Muni Long e SZA disputam o prêmio.
☕ Sendo indicada a prêmios, pois é cantora
Mesmo com muitos anos de carreira, Sabrina Carpenter foi indicada a Melhor Artista Revelação, isto porque as regras da premiação simplesmente exigem que o artista tenha "alcançado um avanço na consciência pública e impactado notavelmente a paisagem musical" dentro do ano de elegibilidade.
Vale dizer também que o Short N’ Sweet da piquitucha é o único álbum pop indicado na categoria de Melhor Engenharia de Som. Na verdade, é o único entre os indicados a Álbum do Ano a concorrer nesta categoria, que valoriza a excelência técnica do projeto. Será que isso é um indicativo de uma vitória em AOTY?
🐊 Doechii mal chegou e já fez história
Doechii é a primeira rapper feminina a receber uma indicação para Melhor Álbum de Rap na década de 2020. A última foi Cardi B em 2019, que é inclusive a única artista solo feminina a ganhar o prêmio.
✨ Taylor Swift batendo recordes para as mulheres
Taylor Swift quebrou o recorde de mais indicações na categoria Álbum do Ano entre artistas femininas, com sete ao todo. Anteriormente, o recorde pertencia à Barbra Streisand.
📚 Sem dobradinhas de artistas
A parceria entre Taylor e Post Malone, Fortnight, ficou de fora da categoria Melhor Performance de Duo/Grupo Pop graças às regras que limitam uma indicação por artista. Isso aconteceu por conta da entrada de LEVII’S JEANS de Beyoncé com o cantor e us. de Gracie Abrams com a loirinha.
🎼 E tem álbum instrumental concorrendo à AOTY
E, numa categoria que ninguém esperava, Andre 3000 aparece com um álbum instrumental de flauta indicado ao Álbum do Ano. Não tem como não achar curioso a ousadia do rapper e da academia.
👸🏾 Uma conquista tardia, mas merecida
Linda Martell, coagida a se afastar da música na década de 70 por episódios de racismo, recebeu sua primeira indicação ao Grammy aos 83 anos. A faixa SPAGHETTII, parceria com Beyoncé e Shaboozey, concorre em Melhor Performance de Rap Melódico.
😢 A injustiçada da vez
Quem foi ignorada foi Ariana Grande, com we can't be friends. A faixa, que estreou em #1 na Hot 100 e é um dos maiores hits do ano, não recebeu nenhuma indicação. Com outros trabalhos, a cantora teve três indicações, mas nenhum em categoria principal.
💡 RAYE finalmente foi notada
RAYE, que foi indicada a Melhor Artista Revelação, também recebeu sua primeira indicação como Compositora do Ano, uma categoria um tanto polêmica, como explicamos na edição #37 da Sonora.
Resumindo... a 67ª edição do Grammy chega com recordes quebrados, histórias de superação, polêmicas e, claro, muita música boa. Os vencedores serão anunciados no dia 2 de fevereiro e estaremos aqui cobrindo tudo.
🎬 QUEM TÁ CERTA É A BEYONCÉ?
Os videoclipes ainda são importantes para a música pop?
Por Evandro Lira
Na última quinta-feira (7), em uma live no Instagram, Anitta abriu o jogo sobre os desafios de produzir videoclipes nos dias de hoje: “[…] ninguém mais dá valor pra um clipe e você gasta zilhões de dólares e reais num clipe e ninguém assiste mais”, desabafou.
A afirmação parece certeira à primeira vista — afinal, em tempos de consumo rápido e vídeos curtos dominando a internet, faz sentido questionar o impacto de uma produção longa e cara. Mas será que é realmente assim?
Por isso, decidimos tentar entender o que está acontecendo com os videoclipes hoje em dia e trazemos alguns fatos e reflexões que podem nos ajudar nisso!
📺 O cenário do videoclipe hoje
Os números não mentem, mas também não contam toda a história, conforme dados compartilhados pelo Chartmetric. Em 2023, as músicas mais ouvidas no Spotify também tinham videoclipes — 36 dos 40 maiores hits, para ser exato. No entanto, a diferença de números é gritante: enquanto as faixas acumulam bilhões de streams no Spotify, os vídeos no YouTube, em média, ficam na casa de algumas poucas centenas de milhões.
Neste ano, a coisa não foi muito diferente. Um dos maiores hits de 2024, Good Luck, Babe! de Chappell Roan não tem um videoclipe, apenas um lyric video. BIRDS OF A FEATHER de Billie Eilish levou meses para ganhar um visual mesmo tendo sido um hit quase instantâneo.
Outros sucessos do ano, como A Bar Song (Tipsy) de Shaboozey, que está a caminho de se tornar uma das músicas a passar mais tempo em #1 nos EUA, não viu seu video ultrapassar as 150 milhões de views com seis meses de lançamento.
Em 2017, Taylor Swift precisou apenas de sete dias para fazer o clipe de Look What You Made Me Do bater 200 milhões de views. Dois anos depois, Shawn Mendes e Camila Cabello levaram dois meses para Señorita se tornar um clipe com meio bilhão de visualizações. Então, o que será que mudou?
Bom, está claro que a forma como consumimos música hoje é muito diferente de alguns anos atrás. No passado, o YouTube assumiu o papel que a MTV um dia ocupou, tornando-se o lugar onde os videoclipes eram lançados e consumidos com fervor.
Trocamos a televisão pelo computador, e o YouTube não só substituiu a TV para assistir a clipes, como também se tornou o tocador de música preferido de muita gente, com os videoclipes ocupando um lugar central na experiência de ouvir música.
Hoje, com a dominação dos smartphones e consequentemente das plataformas de streaming como Spotify e Apple Music, a praticidade tomou a dianteira. Esses serviços assumiram a função de "tocador de música", deixando o YouTube, algo tipicamente consumido em computadores e TVs, em segundo plano para muitos ouvintes.
Além disso, não podemos ignorar também a ascensão dos conteúdos curtos, que mexeu nas regras do jogo. Hoje tudo gira em torno dos estímulos rápidos e da gratificação instantânea. TikTok, os Reels do Instagram e o YouTube Shorts engolem a atenção dos usuários, e os artistas sabem disso.
É só ver como está cada vez mais comum investir em coreografia curta e fácil para viralizar no TikTok em vez de apostar todas as fichas em um videoclipe caro.
🌍 O K-pop e a música latina vão contra a tendência
Mas estamos falando aqui do cenário pop mainstream da música americana, né? Quando vamos para o K-pop e a música latina, o negócio é bem diferente. No K-pop, cada lançamento é uma megaprodução com coreografias milimetricamente ensaiadas, e visuais que parecem saídos de filmes futuristas.
Um exemplo simples que mostra a força do pop coreano é o videoclipe de APT., recente parceria do americano Bruno Mars com a idol coreana ROSÉ, que levou vinte e dois dias para ultrapassar a marca das 300 milhões de visualizações. Para efeito de comparação, o video do megahit Die With a Smile de Bruno com Lady Gaga sequer chegou à marca dos 280 milhões, tendo sido lançado há mais de dois meses.
A popularidade global da música latina também tem feito os videoclipes valerem a pena para artistas como Karol G, Bad Bunny, Shakira e Peso Pluma, por exemplo. Em 2023, os três primeiros foram mais consumidos no YouTube que Taylor Swift e The Weeknd, os artistas mais ouvidos no mundo no Spotify.
Vale mencionar também o poder de artistas da música sertaneja brasileira, como Gusttavo Lima, Henrique e Juliano e Marília Mendonça, que figuram entre os cantores mais ouvidos do ano passado no YouTube, principalmente com vídeos de gravações de performances ao vivo.
🔮 Então para onde vamos com os videoclipes?
No mundo da música pop, o papel dos videoclipes mudou. Hoje, para muitos artistas, eles funcionam mais como uma forma de expressão visual, uma maneira de dar identidade a uma era ou presentear os fãs com uma nova experiência, do que algo fundamental para o sucesso comercial de uma música.
Talvez os vídeos nunca mais tenham o mesmo impacto cultural de massa que alcançaram nos anos 80 ou durante os anos 2010. No entanto, quando criados com criatividade ou usados estrategicamente, ainda podem gerar bons frutos.
Recentemente, Miley Cyrus com Flowers, Sabrina Carpenter com Please, Please, Please e Ariana Grande com we can’t be friends (wait for your love) mostraram que videoclipes podem ser ótimos e bem-sucedidos complementos visuais para suas músicas.
🎵 O QUE VEM POR AÍ
Recomeço do Linkin Park, debut do FLO e nova aposta de Anitta e Alok
From Zero é um álbum de recomeço para o Linkin Park. Programado para ser lançado em 15 de novembro, é o primeiro disco da banda desde a morte do Chester, e o primeiro a trazer os vocais de Emily Armstrong. Faça o pre-save no Spotify!
Depois de virar assunto graças ao disco de Sabrina Carpenter, se apresentar no Rock in Rio e adiar o projeto em quase mês, Shawn Mendes lançará seu álbum autointitulado em 15 de novembro. Pré-salve o disco em sua biblioteca!
Vem aí o primeiro álbum do trio britânico de R&B, FLO. Chamado de Access All Areas, o disco chega após o lançamento de dois EPs em 2022 e 2023. Faça o pre-save e aguarde a estreia em 15 de novembro.
Gwen Stefani lançará seu quinto álbum de estúdio, Bouquet, também em 15 de novembro. Inspirado no pop-rock dos anos 70 e músicas que a cantora cresceu ouvindo, este será seu primeiro trabalho inédito em sete anos. Já salve pra não esquecer!
Engavetada desde 2017, Anitta e Alok lançarão Looking For Love no dia 14. O DJ disse que a demora foi por dificuldades em "bater as agendas" com nossa Grammy Nominee.
Notas pro Apocalipse é o primeiro álbum de Heloísa Marshall, artista gaúcha que apresenta uma mistura de pop, MPB, trap e rock em seu debut. O disco estreia dia 13 de novembro. Faça o pre-save!
As góticas mandaram avisar que, no dia 15, a cantora Chelesa Wolfe lançará o EP Unbound, que contará com versões mais cruas de algumas faixas de seu último álbum She Reaches Out To She Reaches Out. Salve com antecedência!
O rock tá vivíssimo nesta semana! Isso porque Poppy, artista que faz mistura insana de heavy metal e música eletrônica, lança Negative Spaces, seu sexto disco, em 15 de setembro. Dá uma ouvida no que já saiu até agora!
Na sexta-feira, Cyn lançará a segunda parte de seu primeiro álbum de estúdio, Valley Girl. A cantora, agenciada por Katy Perry através da Unsub Records, é mais conhecida por participar da trilha sonora de filmes como Aves de Rapinas e Promising Young Woman. Ouça a primeira parte do disco!
O Girls Aloud está de volta com I'll Stand By You (Sarah's Version), tributo à falecida integrante Sarah Harding, que assumirá os vocais principais nesta versão. A nova edição da faixa, lançada originalmente em 2004, terá todos os lucros destinados à BBC Children In Need.
🕺BEST NEW DANCE ROCK
Primal Scream para dançar e refletir sobre as mazelas da sociedade
Por Gabrielle Caroline
Você conhece o Primal Scream? Não? Talvez Come Ahead seja a oportunidade perfeita para descobri-los.
Primeiro disco da banda escocesa em oito anos, o trabalho traz o Primal Scream bem… Dance. Ok, isso não é uma novidade levando em conta que Screamadelica (1991), o trabalho mais conhecido do grupo, é um disco de dance rock — e foi esse caminho que o grupo seguiu nos discos posteriores, até o pouco inspirado Chaosmosis (2016).
Porém, aqui, o dance pop se mistura com gospel e soul — créditos ao produtor David Holmes, que criou a base para as 11 faixas do disco e convenceu Bobby Gillespie a transformá-las no novo trabalho de sua banda — e nos engana ao trazer letras sobre mortalidade, guerras e críticas políticas cantadas em cima de um ritmo animado demais para esses temas.
Para quem quer conhecer a banda — e a obra do Primal Scream em geral — o disco bebe das mesmas fontes de Future Nostalgia, da Dua Lipa. Então, vale experimentar!
E para quem já conhece o Primal Scream, vale (e muito) tirar um tempo para ouvir Come Ahead. Não diga que não avisamos.
A gente não ia deixar passar…
Chappell Roan rompeu com sua equipe de gerenciamento, segundo a Billboard, logo após suas primeiras indicações ao Grammy. Sua carreira era agenciada pela State Of the Art, liderada por Nick Bobetsky, que a conheceu em 2018 e esteve presente em sua trajetória de ascensão.
Se não tretarem até lá, Oasis retorna à América do Sul, fazendo shows em São Paulo, no Estádio MorumBIS, nos dias 22 e 23 de novembro de 2025. As vendas começam amanhã no site da Ticketmaster.
O Linkin Park inaugurou ontem uma pop up store na Galeria do Rock, em São Paulo, que ficará aberta até 16 de novembro para celebrar o lançamento de From Zero. Fãs terão acesso a produtos exclusivos e audições antecipadas do disco. Saiba como participar.
Se alguém tinha esperança de Rihanna voltar a ser cantora… temos péssimas notícias. Em evento da Fenty Beauty na última semana, ela disse que “Deus tinha outros planos” para ela e que a música não é mais o que chama sua atenção.
Sabia que domingo aconteceu mais uma edição do EMA? Pois é, talvez tenha passado batido, mas rolou! Teve performances de Pet Shop Boys, Shawn Mendes, RAYE, Tyla, homenagem a Liam Payne e até prêmio para Pabllo Vittar!
Que história é essa de bilionário? Bruce Springsteen negou ser bilionário, contrariando uma estimativa da Forbes de US$ 1,1 bilhão. O músico, que vendeu seus direitos musicais para a Sony por cerca de US$ 500 milhões em 2021, afirmou que "gastou muito com coisas supérfluas". É claro que a gente entende, Bruce…
David Gilmour finalmente falou sobre o rumor clássico de que The Dark Side Of The Moon foi feito para sincronizar com O Mágico de Oz. No The Tonight Show, ele deu uma risada e soltou: "É claro que foi!", antes de admitir que não passa de uma coincidência bizarra.